1 de setembro de 2009

João Ribeiro abre guerra entre Naval e AAC

A Académica assegurou o concurso do extremo João Ribeiro, ex-jogador da Naval, por empréstimo, até final da época, do Frenaros FC 2000, equipa que milita na II divisão do Chipre, soube o Maisfutebol junto de fonte do clube de Coimbra.

A notícia acaba por não ser propriamente novidade tendo em conta que, já em Maio, o jogador havia confirmado ao Maisfutebol ter recebido uma proposta dos estudantes.

O problema é que a Naval cumpriu todos os requisitos necessários e, apesar de o jogador ter terminado contrato, inscreveu-o na lista de compensações da Liga, reclamando 300 mil euros a título de direitos de promoção, já que se trata de um atleta com menos de 23 anos.

Mas, como João Ribeiro se transferiu para o estrangeiro, chegando agora a Coimbra, por empréstimo, a Briosa entende que nada tem a pagar aos rivais da Figueira da Foz. O assunto promete, todavia, muita celeuma nos próximos dias.

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A Académica está a tornar-se um clube fértil para relançar a carreira de vários jovens jogadores. Nas últimas semanas, a aposta começou com Amaury Bischoff, aplica-se também a Nuno Coelho e, quando já não se esperavam mais contratações em Coimbra, eis que os responsáveis da Briosa conseguem «resgatar» João Ribeiro, por empréstimo do Frenaros FC 2000, da II Divisão do Chipre.

A transferência, no culminar de um namoro antigo, soa, todavia, a provocação aos rivais da Figueira da Foz. João Ribeiro tinha terminado contrato com a Naval, que, no cumprimento dos regulamentos, lhe enviou uma proposta para prorrogação do vínculo e, respeitando os restantes pressupostos da lei aplicáveis ao caso, reservou o direito de obter uma compensação de 300 mil euros a título de direitos de promoção do atleta.

Mas como o jogador fez a «ponte» através do Chipre, os estudantes remetem a questão da compensação para o Frenaros e lavam daí as mãos, entendendo nada terem a pagar para além do estabelecido no acordo de cedência com o clube cipriota. A Naval, obviamente, prepara-se para reagir ao caso, possivelmente ainda durante a manhã desta terça-feira.

Jogador em exames médicos

Indiferente à polémica, o jogador cumpre exames médicos em Coimbra, satisfeito por ter finalmente encontrado um rumo para a carreira, que, recorde-se, sofreu um revés nos últimos seis meses da época passada, quando foi colocado a treinar-se à parte, na sequência de um litígio com a Naval, devido a declarações não autorizadas à comunicação social.

«É verdade, finalmente acabou a espera. Agora espero tudo de bom para mim. Só posso dizer que estou de volta para trabalhar e quero mostrar o meu valor. Foi uma situação complicada, mas nada que eu não soubesse que era capaz de resolver. Está resolvido e agora posso mostrar ao futebol português aquilo que sou», referiu o jovem extremo ao Maisfutebol, na primeira entrevista como jogador da Académica.

Sobre as expectativas para o regresso à competição - Rogério Gonçalves terá, assim, oportunidade de reeditar a dupla de extremos que teve na Naval, João Ribeiro e Lito - , o ex-internacional sub-21 mostrou-se optimista: «Espero fazer uma boa época e que o meu trabalho seja reconhecido. Prometo fazer tudo para que as coisas me corram bem.»

Refira-se que João Ribeiro vai reencontrar em Coimbra o técnico que o lançou no escalão principal: foi com Rogério Gonçalves que o extremo jogou pela primeira vez na Liga, a 16 de Outubro de 2006, num Boavista-Naval.

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A Naval está a recolher todos os dados possíveis sobre a transferência de João Ribeiro para a Académica, mediante o empréstimo de um clube da II Divisão do Chipre. Neste momento, o clube da Figueira da Foz está a tentar encontrar a melhor forma de contestar o processo e reivindicar os 300 mil euros, a título de direito de promoção, que lhes são devidos de acordo com a interpretação feita aos regulamentos.

«A Naval está a estudar a questão, a recolher informação e , uma coisa é certa: nunca prescindirá dos seus direitos legais», disse ao Maisfutebol Nuno Mateus, responsável jurídico do clube da Figueira, que, enquanto não tiver dados concretos - «por enquanto, não faço ideia dos moldes da contratação, penso que foi por um clube do Chipre, mas não sei se por empréstimo ou se ele rescindiu antes» -, não irá pronunciar-se mais sobre o assunto

A defesa dos navalistas assenta, segundo foi possível apurar, no conteúdo do artigo 41, do Capítulo III (Compensação pela Formação ou Promoção), do Contrato Colectivo de Trabalho dos Jogadores Profissionais de Futebol. Nessa cláusula estabelece-se, por exemplo, que é considerado «intenção fraudulenta» caso «o contrato de trabalho desportivo celebrado com clube estrangeiro cessar antes que haja decorrido uma época sobre a sua celebração, salvo no caso de rescisão com justa causa pelo jogador.»


Em suma, «o direito à compensação do clube de procedência mantém-se se o jogador, incluído na lista de compensação [foi o caso], celebrar compromisso desportivo como
amador ou contrato de trabalho desportivo com clube estrangeiro com o propósito de iludir esse direito.»

Queixa à Liga na forja

Como João Ribeiro surge em Coimbra menos de uma temporada depois de se ter vinculado ao clube cipriota, embora esteja em causa um empréstimo, a Naval entende ter, na mesma, o direito a ser ressarcida. Mais: neste caso, os direitos de formação do atleta também poderão ser pedidos cumulativamente.

Quando tiverem todo o dossier pronto sobre o assunto, os figueirenses não deixarão de apresentar uma queixa na Liga, pedindo o reconhecimento da fraude e a condenação das partes nela envolvidas.

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