24 de fevereiro de 2012

Pedro Emanuel: «Benfica é ofensivo mas também se expõe»

Coimbra volta a entrar na rota dos jogos grandes este sábado com a visita do Benfica a um local onde não perde há 38 anos. A Académica poderá, desta forma, ser uma equipa com perfil para servir aos interesses dos encarnados na procura da redenção depois de duas derrotas consecutivas. Um cenário que os comandados de Pedro Emanuel querem, naturalmente, contrariar:

«É uma equipa grande, que luta por objetivos máximos, e virá aqui com tudo, porque quer limpar a imagem. Até pelo ciclo de jogos difíceis que atravessa, quer voltar às vitórias. Sabemos disso e vamos estar preparados para lutar e dignificar camisola da Académica», promete o jovem técnico, na antevisão da partida.

«O Benfica pratica um futebol agradável e ofensivo, mas também tem alguma exposição defensiva. Isso acaba por proporcionar espetáculo, porque os adversários conseguem ter oportunidades. Estaremos prontos para tentar surpreender esse pendor ofensivo», avisa, consciente, ainda assim, do mau momento da Briosa, que não vence em casa para a Liga há cinco meses:

«Temos capacidade para trabalhar de forma diferente. Não estou desiludido com os jogadores mas com a equipa. Agora, cada um tem de analisar aquilo que fez, tal como eu faço a minha auto crítica. Temos de ser melhores do que temos sido, nomeadamente no último jogo, na Madeira.»

Não há melhor para motivar

Pedro Emanuel recusa-se a considerar que o Benfica vem em má altura, pese a crise de resultados, pois acredita que ter um adversário assim pode, justamente, ser a melhor fonte de inspiração.

«Qualquer grande é sempre motivante. O plantel e os objetivos não se compararam, daí que são estes jogos que os jogadores melhor encaram em termos de margem de erro. Nada melhor que o Benfica para nos motivar. Jogamos em casa, e vamos tentar que a nossa motivação se sobreponha à vontade e determinação do Benfica em voltar às vitórias», contrapõe.

«O Benfica não perde aqui há 38 anos? Só com conquistas se faz história... ou pela negativa, mas é essa sequência não muito lógica da equipa que queremos inverter. Sabemos os feitos do passado recente, como sabemos o mau que fizemos. Temos essa avaliação apurada, sabemos o que correu bem e mal, só nos resta ir de novo à procura dos pontos, para conseguirmos a manutenção», complementa, de forma pragmática.

É essa visão fria e desprendida que o técnico utiliza também para falar da eventual «ajuda» que poderá dar ao F.C. Porto, na questão do título: «Estamos todos concentrados, única e simplesmente, no nosso objetivo principal que é a manutenção, ir buscar pontos, independentemente de ajudar A ou B. Nesta jornada poderemos ajudar uma equipa, na próxima será outra.»

«As derrotas abalam sempre...»

O treinador da Académica sabe, por experiência própria, que a confiança do adversário sai sempre afetada quando não ganha. Pode ser um aspeto a explorar para tentar imitar, por exemplo, o V. Guimarães?

«O estado do relvado não permitiu ver muita coisa mas os princípios condutores estavam lá. É lógico que sabemos a forma de jogar deles e vamos tentar contrariar todo esse favoritismo, apesar de virem de resultados negativos. As derrotas abalam sempre...»

Para quem faz da luta pelos pontos uma meta crucial, o empate, diz o técnico, pode servir perfeitamente: «Entramos em qualquer campo para disputar o jogo e temos a exata noção da qualidade do Benfica. Depois de disputado o encontro, no entanto, até poderemos dizer que será um ponto de ouro, atendendo à fase que atravessamos.»
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Um Benfica de orgulho ferido. É aquilo que Pedro Emanuel espera, amanhã à noite, quando a Académica receber a visita do líder isolado da Liga ZON Sagres. As duas derrotas consecutivas sofridas pelos comandados de Jorge Jesus (Zenit e V. Guimarães) "abalam sempre" no entender do treinador da Briosa, que não tem dúvidas de que o adversário "vem com tudo" até pelo "ciclo que está a atravessar". Emanuel deixou elogios aos encarnados - "praticam um futebol agradável, extremamente ofensivo, com processos bem definidos" -, mas está apostado "em surpreender" tentando explorar "alguma exposição em termos defensivos" que o adversário costuma patentear - "as equipas que jogam contra o Benfica têm sempre algumas oportunidades de golo", disse a propósito. E se a vitória será sempre o objetivo principal dos estudantes, o mister acredita que "depois do jogo até se pode dizer que um ponto poderá ser de ouro", ainda por cima "tendo em conta a fase em que a equipa se apresenta". De qualquer modo, um triunfo sobre o Benfica servirá sempre para terminar com uma maldição com 38 anos, período durante o qual os academistas nunca conseguiram derrotar o opositor da ronda 20. "Logicamente só com conquistas podemos fazer história. Temos consciência daqueles que foram os nossos feitos nos últimos tempos, mas também o que muito mau fizemos num passado recente", disse.

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