27 de maio de 2013

Wilson Eduardo: «Pedro Emanuel? A mensagem já não passava»


A Briosa foi um dos clubes que não conseguiu escapar à chicotada psicológica esta época. A mudança era inevitável, na ótica de Wilson Eduardo, e, felizmente, correu bem. Voltou a trabalhar com Sérgio Conceição, que já conhecera no Olhanense, e compara dois estilos muito diferentes de liderar.

Algum treinador o marcou mais ao longo da carreira?
Todos foram importantes e tiveram a sua quota-parte na minha evolução, mas há um que não esqueço, o Luís Dias, nos sub-16 e sub-17, porque me ajudou muito, numa fase muito complicada da minha vida. Foi não só um treinador como um grande amigo que tive e ainda hoje guardo.

Como viu a mudança de Pedro Emanuel para Sérgio Conceição?
Já tinha trabalhado com o mister Sérgio, já sabia como ele era e trabalhava. O que levou à mudança foram os resultados, mas nós, jogadores, também precisávamos desta chicotada, desta nova alma e métodos, para conseguirmos atingir os nossos objetivos. Calhou o mister Sérgio, mas, se fosse outro, a situação seria provavelmente idêntica. Apesar de ser um bom treinador, penso que a mensagem já não estava a passar e, quando assim é, mais vale trocar-se para bem da instituição, que é o mais importante. Acabou por ser uma troca feliz, mas não podemos deixar de agradecer tudo o que o mister Pedro Emanuel fez por nós e pelo clube.

São estilos muito diferentes?
São formas de liderar diferentes. Cada um tem as suas ideias. O mister Sérgio é mais, como dizer, ao ponto. Consegue chegar mais ao ponto que deseja. Cada um tem a sua forma de treinar. Também conseguimos coisas boas com o mister Pedro.

Sérgio Conceição será mais emotivo?
Se calhar, quando o mister Pedro era jogador tinha ar de ser agressivo, no bom sentido, mas como treinador, conseguiu conhecer-se melhor, e acaba por não o ser tanto, nem tão fechado. Já o mister Sérgio é idêntico, como jogava é como treina, tudo no limite. Se estiver uma pontinha fora do lugar, tem de ir ao sítio. Como disse, só tenho de agradecer aos dois, por tudo o que fizeram por nós e à instituição.


«A seleção A é um dos meus objetivos»

Depois de um passado rico nos escalões de formação, Wilson Eduardo só espera pela chamada à seleção A para completar a coleção. O jovem avançado sabe que terá de crescer ainda mais para lá chegar, mas acredita que será mais um dos patamares ao qual conseguirá subir. O estrangeiro, principalmente Inglaterra e Alemanha, também o atrai.

A seleção A é, agora, um dos seus objetivos de carreira?
Se não sonharmos nem vale a pena estarmos no futebol. O futebol é mesmo isto, viver os sonhos para os podermos concretizar. Trabalhar para os concretizar. Não fujo à regra. Sempre estive nas seleções, dos sub-17 aos sub-21, por isso, a seleção A passa por ser também um objetivo. Sei que tenho de trabalhar muito para lá chegar. Só o tempo o dirá. Se a oportunidade surgir, irei agarrá-la a qualquer custo.

Já vimos o melhor de Wilson Eduardo ou isso ainda está para vir?
Tenho evoluído de ano para ano. No primeiro, penso que se fez sentir o facto de nós, nos juniores dos principais clubes, só chegarmos a um nível competitivo alto na fase final da prova, quando estão reunidas apenas as melhores equipas. Quando passamos a seniores, apanhamos jogadores já com alguma experiência, mas penso que tenho aprendido todos os anos, com os mais velhos, que me vão dando indicações e ajudando. Mas ainda tenho muito para evoluir e acredito que o vou conseguir, para chegar ao máximo no futebol.

Também sonha com uma carreira no estrangeiro?
Todos nós temos sonhos, equipas a que gostávamos de chegar...

Chegou-se a falar, há dois anos, que estava a ser seguido pelo Manchester United.
[Sorriso] Penso que isso acabou por ser dos jornais, porque se formos a ver já se falou de tantos clubes, mesmo o regresso ao Sporting já foi dado como certo e a verdade é que ainda não me estreei pela equipa principal. As notícias, claro que agradam, mas são notícias e, quando não passam a verdade, com as pessoas a dirigirem-se a mim ou ao responsável que trabalha comigo, acabam por ficar ali. A cabeça não pode sonhar mais que aquilo.

Que países lhe agradam mais?
Inglaterra e mesmo a Alemanha, que está a evoluir muito. São os dois campeonatos de que gosto mais. Depois temos o espanhol, mas são só duas ou três equipas no topo.



«Golo ao Atl. Madrid foi ponto alto na carreira»

Wilson Eduardo passou em revista, em entrevista ao Maisfutebol, a temporada ao serviço da Académica, dos altos e baixos, passando pela Liga Europa, e terminando nos desejos individuais concretizados.

Que balanço faz desta época?
Tivemos altos e baixos. Começámos muito bem o campeonato, mas, a meio, tivemos uma quebra de forma, com uma série de jogos sem ganhar. Conseguimos o objetivo a que nos tínhamos proposto no início da época e penso que isso é o mais importante.

Não vos fica, ainda assim, a sensação de que o poderiam ter conseguido com outro brilho?
Claro que sim. O ponto mais baixo foram os jogos com equipas do nosso campeonato. Terá sido algum excesso de confiança, não estivemos tão concentrados como diante das equipas grandes. Foi o nosso maior erro. Conseguimos boas exibições diante dos grandes e, depois, quando enfrentávamos equipas que lutavam pelo mesmo que nós, e até outras com objetivos que tínhamos qualidade para atingir, cedemos. Quando assim é, claro que temos de sofrer até ao fim.

A sobrecarga de jogos, motivada pela Liga Europa, também teve influência?
Penso que não. Até porque, se bem me lembro, a equipa às vezes rodava. Lembro-me de jogar em Madrid e, logo a seguir, com o Sporting, mudaram seis jogadores. Sabíamos que era uma prova nova para a maior parte dos jogadores e uma ótima motivação para nós.

Terá sido, aliás, um dos motivos que o levou a vir para a Académica?
Também foi a primeira vez para mim. Teve um peso grande, não vou mentir. Tinha algumas propostas, no início da época, e depois da pré-época ter acabado tive outras, para clubes portugueses e para fora, mas falei com vários colegas que passaram por aqui, como o Adrien, Cédric e até o David Simão. Só me falaram coisas boas. Além disso, a equipa técnica já me queria há algum tempo. Foi uma escolha acertada.

Acabou por vir confirmar aquilo que lhe haviam dito do clube?
Não só em termos de clube, instituição, como também a cidade. Os adeptos são fantásticos e acompanham-nos por todos o lado. Mesmo quando a equipa estava menos bem. Para nós, jogadores, é o mais importante.

E em termos individuais, ficou com a sensação de que conseguiu atingir os seus objetivos?
Podia ter feito melhor. Tento sempre realizar o maior número de jogos possível e superar o número de golos da época anterior. Em termos gerais consegui, mas no campeonato não (apontou seis golos na Liga). No total, fiz mais quatro golos do que na temporada passada, e não posso ficar descontente com isso. Consegui contribuir, também, para que o nome da Académica fosse conhecido lá fora.

Como é que foi essa aventura de jogar a Liga Europa?
No início, se calhar, toda a gente pensava que seríamos o bobo da corte da fase de grupos, mas penso que demonstrámos que temos aqui uma equipa boa. Que em Portugal não existe só os três grandes mais um ou outro.

Foi o momento mais excitante da época para vocês?
Saber que íamos defrontar das maiores equipas da Europa acaba sempre por ser aliciante. Mais ainda a partir do momento em que soubemos que íamos jogar com o detentor do título. No primeiro jogo [em Plzen, República Checa], entrámos bem, mas, depois, a nossa falta de experiência acabou por se fazer sentir. A partir daí, creio que deixámos uma boa imagem da Académica. Fomos reconhecidos por sermos uma equipa pequena nesta competição, mas que terminou muito bem.

O ponto alto foi, sem dúvida, a vitória sobre o Atlético de Madrid...
Ninguém esperava que fosse a Académica a quebrar o ciclo de 15/16 jogos consecutivos que eles tinham sem perder. Foi muito bom.

Foi um dos momentos mais altos da sua carreira?
Claro. Como digo sempre, treino para fazer golos, mas não posso deixar de dizer que marcar ao Atl. Madrid tem de ser considerado como dos pontos mais altos da minha ainda curta carreira esta época, assim como aos três grandes.»


«O meu desejo é mesmo regressar ao Sporting»

Época terminada, regresso à base? Wilson Eduardo tem mais um ano de contrato com o Sporting e, depois de uma boa época na Académica, é natural que se pense em Alvalade no aproveitamento de mais um talento da «casa». O desejo é comum, até porque o jovem avançado sonha com a estreia de leão ao peito, mas, em entrevista ao Maisfutebol, não dá o retorno como certo.

Como vai ser o seu futuro?

Não faço ideia. Estou aqui até acabar os treinos da Académica e depois irei reunir-me com os responsáveis do Sporting e ver o que pretendem para mim. Tenho mais uma época de contrato, verei que planos me reservam, e depois decidirei se fico ou saio. Vai depender do que pretendem.

Mas não tem uma preferência?

Já estou no clube há oito anos, portanto é sempre um orgulho poder representar a equipa principal. Sempre foi o meu sonho, desde que cheguei ao Sporting. Ainda não me foi possível, mas, como disse, é esperar apara ver o que quererem e só depois tomarei uma decisão quanto ao meu futuro.

Leonardo Jardim será o treinador, que o treinou no Beira Mar. Como é que vê este ingresso no Sporting?

Os responsáveis decidiram que era a melhor solução para atacar este novo projeto sabendo que a equipa, infelizmente, não vai estar nas competições europeias, mas penso que tem tudo para dar certo. O mister tem demonstrado a sua qualidade por onde tem passado e, não podemos esquecer, apesar de tudo, é campeão grego. Com tempo, que é isso que ele vai precisar, vai levar o Sporting ao topo novamente.

O facto dele o conhecer pode tornar mais fácil o seu regresso e afirmação no Sporting?

Pode ter vantagens como desvantagens. É verdade que já me conhece, mas não se sabe o que ele pretende ou o que espera de mim. Só depois de conversar com o mister é que se pode dizer se vai ser uma vantagem. Penso que sim, mas cabe a ele a última opinião.

Admite jogar num clube rival do Sporting?

É uma pergunta muito, muito complica. Tenho contrato com o Sporting, é nele que penso. Jogar num rival? Depois de tantos anos ligado ao clube, penso que seria estranho, até porque ainda tenho contrato com eles.

Um profissional tem de estar preparado para tudo...

Claro que sim, mas é no Sporting que penso e o meu desejo é mesmo regressar ao Sporting.

Foi estranho, para alguém que passou tantos anos naquela casa, ver tudo o que aconteceu ao clube?

Acaba por ser triste, por ter sido a pior época de sempre do Sporting, e ver uma equipa com tantos talentos, estar numa situação desta. Foi mau, não só para o clube, como para colegas e amigos que lá tenho, não conseguirem atingir os objetivos. Visto de fora, parece inexplicável. Também houve vários jogos em que a sorte não esteve do lado deles. Vê-los em sétimo lugar não é bom, mas têm jogadores com qualidade para virar a página e, no próximo ano, estar a lutar outra vez pelos primeiros lugares.


in maisfutebol

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