16 de fevereiro de 2015

Paulo Sérgio: quarto náufrago numa maré calma

Clubes da Liga estão a despedir menos treinadores. Na época passada apenas um terço das mudanças resultou. Resultados muito maus na Briosa

Paulo Sérgio é o quarto treinador da Liga a cair. 21 jogos feitos no campeonato, só uma vitória, demissão natural. Isto, apesar das palavras reiteradas pelo técnico ao longo das últimas semanas e no final do jogo deste domingo contra o Boavista, na flash-interview: 

«Tenho todas as condições para continuar na Académica». 

Não tinha, pelo menos na opinião da direção da Briosa. O anúncio oficial da saída do treinador fala em «acordo mútuo», um dado a confirmar nos próximos dias. 

Paulo Sérgio junta-se, então, a João de Deus, Ricardo Chéu e Domingos Paciência nesta lista pouco recomendável. O quarto náufrago numa maré de despedimentos anormalmente calma. Os clubes portugueses parecem estar dispostos a ter mais paciência com os técnicos. 

Chicotadas na Liga 2014/15: 

João de Deus: deixou o Gil Vicente (3ª jornada, entrou José Mota) 
Ricardo Chéu: deixou o Penafiel (5ª jornada, entrou Rui Quinta) 
Domingos Paciência: deixou o V. Setúbal (17ª jornada, entrou Bruno Ribeiro) 
Paulo Sérgio: deixou a Académica (21ª jornada, entrou…) 

Na presente campanha não é difícil perceber que as mudanças estão a promover resultados animadores. Dois dos três técnicos saíram numa fase muito precoce da Liga e sem a conquista de qualquer ponto. Ou seja, quem entrou teve obrigatoriamente de fazer melhor. 

Na temporada passada, por exemplo, houve seis mudanças de treinador da prova (mais duas do que na edição atual, portanto) e só um terço das trocas veio acompanhada de melhorias. 

Vamos, então, aos dados de 2014/15 (só consideramos os jogos do campeonato): 

GIL VICENTE 
João de Deus: 0 pontos em 9 (0 por cento) 
José Mota: 17 pontos em 54 (31.4 por cento) 

PENAFIEL 
Ricardo Chéu: 0 pontos em 12 (0 por cento) 
Rui Quinta: 13 pontos em 51 (25.4 por cento) 

V. SETÚBAL 
Domingos Paciência: 14 pontos em 51 (27.4 por cento) 
Bruno Ribeiro: 5 pontos em 12 (41.6 por cento) 

ACADÉMICA 
Paulo Sérgio: 15 pontos em 63 (23.8 por cento) 
ainda sem sucessor 

Em Barcelos, José Mota esteve até 11 de janeiro à espera da primeira vitória como treinador do Gil Vicente. Os galos venceram o também aflito Penafiel por 2-1, mas só nas duas rondas mais recentes a equipa deu um salto na classificação: vitória por 1-2 em casa do Marítimo e por 1-0 na receção ao Paços Ferreira. 

O mercado de transferência parece ter sido decisivo para a subida do Gil: Cadu, Markus Berger, Semedo, Rúben Ribeiro, Piqueti e Yazalde enriqueceram muito o plantel dos galos. 

Em Penafiel, Rui Quinta até se estreou com uma vitória (2-0 ao V. Setúbal a 20 de setembro), mas depois os durienses só venceram mais duas vezes: 0-1 em Arouca a 7 de dezembro, 2-1 diante do Nacional a 13 de dezembro. 

Quinta (e o Penafiel) não vencem há mais de dois meses. 

Finalmente, o Vitória Setúbal. Antes da derrota na Luz este domingo, Bruno Ribeiro tinha uma vitória e dois empates. Prometedor, sim, mas só agora a luta começa a sério. 

Voltemos a Paulo Sérgio e à Académica Coimbra. 

O antigo treinador do Sporting (outra similitude com Domingos) apostou muito forte neste regresso a Portugal e o saldo final é extremamente negativo. Só pode ser. 

No total, Paulo Sérgio orientou a Académica em 26 jogos oficiais. Somou três vitórias, 12 empates e 11 derrotas. 

17 golos marcados ( a Académica ficou 13 vezes em branco, metade dos jogos de Paulo Sérgio) e 34 golos sofridos. 

A Briosa caiu na Taça de Portugal frente ao modestíssimo Santa Maria (III Eliminatória) e na Taça da Liga quedou-se pela fase de grupos (3ª fase). 

Há pouco de bom a aproveitar no meio de tantos dados medíocres.     

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