17 de novembro de 2015

A geração de Coimbra que dá cartas na Liga

Gerso, Luisinho e Costinha têm um passado em comum: a Académica. O Maisfutebol falou com o ex-treinador de juniores da Briosa, que augura um futuro de topo para os três

A geração de Coimbra que dá cartas na Liga

Há um conjunto de jogadores que se estão a destacar nesta edição da Liga cuja formação futebolística passou em parte pelo mesmo sítio: Coimbra. Gerso, Luisinho e João Costa (ou Costinha) são três médios-ala/extremos de raiz que passaram sensivelmente no mesmo período pelos juniores da Académica e deixaram marca no clube. No entanto, não tiveram a continuidade que esperavam na transição para profissionais e acabaram por sair. 

Este está a ser o ano de afirmação dos três jogadores, apesar de Gerso já se ter estreado no principal escalão há três temporadas, pelo Estoril, para onde regressou depois de uma época cedido ao Moreirense. Luisinho e Costinha estão a dar os primeiros passos entre os grandes e, para já, a experiência está a ser muito positiva sendo que ambos têm sido titulares ao serviço de Boavista e V. Setúbal, respetivamente. 

Vaz Pinto, antigo treinador deste trio nos juniores da Académica, explica que não ficou surpreendido com o nível apresentado por todos na nova época. 

«Há essa curiosidade de serem todos médios-ala, mas os três são diferentes, embora tecnicamente evoluídos desde sempre», explica o treinador de 41 anos acrescentando que já nos escalões de formação da Académica revelavam uma excelente atitude: «São três jovens fantásticos, que na altura já se mostravam absolutamente focados no trabalho». 

Vaz Pinto frisa que a passagem destes jogadores para o nível sénior não foi fácil, mas que o esforço acabou por compensar: «A transição futebol júnior/futebol sénior foi difícil para eles. Mas, por vezes, como costumo dizer, mais vale a um corredor ir pela pista 7 do que pela 1 para chegar ao seu objetivo». 

Três jogadores com caraterísticas diferentes 

Apesar de ter treinado os três jogadores, nunca os teve na mesma equipa em simultâneo: «Eles nasceram em três anos seguidos. O Luisinho é de 1990 e ainda esteve com o Gerso, que por sua vez também jogou junto do Costinha no primeiro ano deste enquanto júnior». 

Então, e quais são as principais virtudes dos três, no entender do último treinador em escalões de formação, ele que continuou a acompanhar bem de perto o trajeto deste trio? 

«Embora joguem numa posição parecida em campo e de serem tecnicamente evoluídos, os três têm características diferentes», explica Vaz Pinto: «O Gerso é o mais rápido, muito forte no um-para-um ganhando os lances em velocidade. O Luisinho é muito forte em termos técnicos e têm uma boa capacidade de drible. Já o Costinha é dos três o que pensa melhor o jogo.» 

Segundo o ex-treinador do Recreativo de Cáala, Costinha foi, aliás, o jogador que mais o surpreendeu na forma como se adaptou ao principal escalão: «Ele sempre foi um jogador muito inteligente, o que se vê na forma como se adaptou à mudança do Campeonato Nacional de Seniores para a I Liga. Por comparação com o Luisinho e com o Gerso, destacou-se mais já enquanto sénior do que enquanto júnior». 

Vaz Pinto destaca o percurso diferente de Costinha, que foi dispensado das camadas jovens do FC Porto antes de ingressar nos juniores da Briosa tendo depois disso jogado inclusivamente na segunda divisão dinamarquesa ao serviço do Fredericia. O técnico explica ainda que Gerso e Luisinho se destacaram mais nas camadas joven, até pela técnica evoluída que possuíam. 

«O Luisinho foi sempre dos melhores da idade dele chegando até a sagrar-se campeão de sub-17 pelo Sporting. Quanto ao Gerso, só não foi convocado para as seleções jovens de Portugal porque não tinha a nacionalidade à época. O Ilídio Vale chegou a falar comigo na perspetiva de ser convocado», revela Vaz Pinto. 

Gerso, que entretanto já juntou a nacionalidade portuguesa à guineense, tem aliás uma história de vida interessante, frisada pelo próprio Vaz Pinto. 

«O Gerso não teve uma adolescência fácil, mas conheceu no nosso grupo uma verdadeira família que sempre o apoiou. Durante algum tempo esteve numa instituição, mas a forma como se relacionava com toda a gente, treinadores e jogadores, era especial», lembra com agrado o treinador. 

O futuro e a perspetiva de um salto para outro patamar 

Olhando para o início de época em grande nível que este trio está a rubricar, é legítimo perguntar se poderão esperar um futuro auspicioso. Vaz Pinto não duvida das capacidades dos antigos pupilos. 

«São três atletas de grande nível, portugueses e que podem atingir um patamar mais elevado, sem dúvida. Acredito que a breve prazo possam chegar a um grande ou a uma grande liga», destaca o técnico acrescentando que Luisinho já teve «a possibilidade de sair para fora, mas que a opção prioritária dele era ficar em Portugal». 

E quando a uma chamada à Seleção? «Não sei se acontecerá algum dia, mas não duvido da capacidade de eles chegarem lá», destaca o treinador orgulhoso por ver aquilo que são também os frutos do seu trabalho...

in maisfutebol 

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